O seu corpo era um só encarquilhar-se do cachaço, um toldar-se da vista, um pingar do nariz, um zumbir dos ouvidos, um amarelecer da dentadura, um enrijecer da cervical, um entaramelar-se das goelas, um entrevar-se dos calcanhares, um murchar do courato, um empalidecer das crinas, um crepitar das tíbias, um tremular dos dedos, um tropegar dos pés, e o seu peito era só um expurgar de catarros por entre um escarrar de baba e cuspinhar de saliva.
Umberto Eco, A Ilha do Dia Antes
o título do post é empréstimo de SG
10 comments:
:)
bonita triangulação, Alice! Muito bonito.
(e eu só vinha mesmo para saber de ti. Beijo.)
Apesar da referência futebolística, é curioso teres sido tu a primeira a comentar este post (a primeira de muitos milhares, certamente) porque me lembro sempre de ti quando estou a ler este livro...
... ainda assim, voluntariamente vivos! Nós humanos somos divinais!!!
Até sempre!
visita n.º1
A precisão da descrição assusta...Há já algum tempo que não leio nada do U.Eco, agora sei por onde recomeçar :)
E podemos ficar pior e rir ainda, Aldina. Já vi disso. ;)
Que bom ter servido de inspiração, r.. Avança sem medos. Deixa-te assombrar.
Não sabia que aquela praia era tua...
Desde já peço desculpa pelo excessivo uso que lhe dei sem te pedir autorização :)
Ora, Carlos! Tu podes! Mi playa es tu playa. ;)
Era eu, a dona da praia! ;)
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