Mal começo a sentir que preciso de espaço, enfunam-se-me as velas do instinto e atraco num porto onde só se ouça Fausto. Os seus céus carregados de estrelas, as águas escuras e tumultuosas ou cristalinas e plácidas, os pássaros de espécies raras coloridas nas ilhas onde finalmente chegam os náufragos, as tripulações barulhentas das caravelas cheias de esperança, as mulheres distantes em casa e a fugacidade do colo das amantes de pele morena, as chamas onde ardem as vítimas das atrocidades ignaras dos colonizadores, as saias que esperam, as amarras dos cabelos soltos ao vento.
O mar.
A despedida.
O fogo.
A descoberta.
O sonho.
A saudade.
O sangue.
A distância.
O tempo medido em anos.
1 comment:
O tempo medido em anos é eternamente renovado qaundo ouvimos o nosso Fausto. Obrigada por esta sugestão que tão bem pode iluminar o denso nevoeiro desta noite!
Até sempre!
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