amaldiçoado respeito pela vida alheia num primaveril dia de Inverno

Hoje consegui, finalmente, ter tempo para não ir num instante ao pronto-a-comer aqui do lado e, aproveitando a desculpa de o carro estar na revisão e o dia magnífico (sem frio, sem calor e com uma despenteante brisa), retomei os meus passeios da hora do almoço. A sensação fantástica de ir caminhando ao meu ritmo (que é muito rápido), com o leitor de MP3 a separar-me dos ruídos das gentes só pode renovar-se a cada dia e vou repeti-la. Na esplanada.

Encheu-se de sucessos a minha jornada. Que consigo fazê-lo, almoçar e gastar apenas uma hora. Que comprei enfim a desejada baliza dos Kraks e o saquinho para os conter. Que fiz exercício sem gastar um cêntimo. Que me sinto absolutamente regenerada e com uma disposição de aço.

Em jeito de brinde, já no regresso, sensivelmente a meio da parte que percorro de uma movimentada artéria lisboeta, descortino uma figura alta e esguia, com um chapéu de abas largas, toda vestida de negro. Era o Janita. Estava a falar com uma senhora já adentrada nos anos. Não consegui deixar de sorrir. E ele sorriu também. A adolescente que em mim ainda reina, como não poderia deixar de ser, desmaiou.

O que eu dava para não ser tímida e não respeitar de forma quase primária a vida privada das pessoas e ter contado que ainda de manhã tinha estado embevecida a ouvi-lo no carro...

Sub-título: post com traços marcadamente adolescentes