April 12, 2007

common people

Sentei-me enfim ao pé dela. Tem só mais um ano que eu, mas é toda mais senhora (saltos altos e tal), tem um ar mais responsável e tem mais responsabilidade. A bem dizer, não quer que eu faça nada. Quer que a veja a trabalhar. Tem certeza que prestarei suficiente atenção. É metódica e vai ao pormenor mais longínquo. Cada vez percebo menos porque me acha tão bem, porque me acha melhor, mas acha. Não tem a net ligada, nem o MSN, nada. Está ali mesmo para trabalhar. Ajuda toda a gente. Sai sempre tarde. O preço são os suspiros e os queixumes impotentes, permanentes, mas não desprovidos de razão.

Eu, escroque e pária, só quero despachar-me daquilo depressa e voltar para o disfarçadinho do meu gabinete: GMail, GChat, MSN, blog(s), eSnips, Flickr, as pausas constantes, por ordem. Ela não sabe, nem quer saber. Quer continuar a pensar que eu sou o motor, que sem mim tudo tinha ido já. Eu não quero, mas temo que se ela parar de acreditar nisso, deixa de levar tudo à frente e de se empenhar. Eu sei que é mentira, mas não sei se ela sabe. Custa-me sempre a crer que não saiba, a minha indolência deve transparecer nos olhos quando baixo a guarda.

Amanhã lá estarei. A fazer o meu papel. Ela vai fazer tudo e pensar que sem mim não tinha conseguido. Eu vou perder algumas pausas e ganhar mais umas núvens. E será sexta-feira.

5 comments:

João Lisboa said...

Oh sábia e perversa criatura!

margarete said...

pá, 'nina-alice, como ídolo, acho que vais muito bem :P

menina alice said...

:D

Estes pés de barro é que me matam!

salamandrine said...

abençoados pés... sempre os pés >:>

Scarlata said...

Eheheh cuidado com o andor...