E, de repente, soa, de detrás de mim no escritório, a vinda metafisicamente abrupta do moço. Sinto que o poderia matar por me interromper o que não estava pensando. Olho-o, voltando-me, com um silêncio cheio de ódio, escuto antecipadamente, numa tensão de homicídio latente, a voz que ele vai usar para me dizer qualquer coisa. Ele sorri do fundo da casa e dá-me as boas-tardes em voz alta.
O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
(eu sei que mais um dia, dia e meio e acabo por pôr atrás das costas a minha existência como animal profissional)
1 comment:
Há um(a) Pessoa em todos nós.
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