E se, demasiado mudado para os reconhecer, não tiver a certeza de que são os mesmos, não se espantem, serão os mesmos, embora mudados. Porque descrever um ser, um lugar - ia dizer uma hora, mas não quero ofender ninguém - e depois não se poder servir dele, seria, como dizer, não sei. Não querer dizer, não poder acreditar no que queremos dizer, e no entanto dizer, ou quase, eis o que importa não perder de vista, no calor da escrita.
(...)
Dizer é inventar. Nada mais falso. Não inventamos nada, julgamos inventar, evadir-nos, mas mais não fazemos que balbuciar a lição, fragmentos de um trabalho de casa aprendido e esquecido, a vida sem lágrimas, tal como a choramos. E depois, merda.
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Dizer é inventar. Nada mais falso. Não inventamos nada, julgamos inventar, evadir-nos, mas mais não fazemos que balbuciar a lição, fragmentos de um trabalho de casa aprendido e esquecido, a vida sem lágrimas, tal como a choramos. E depois, merda.
3 comments:
estás a ler Beckett!
ler estes excertos agora... (Molloy foi aquele que não li da chamada trilogia) é a mesma sensação de quando li os outros dois já faz tempo, e noutras circunstâncias. uma sensação inexplicável. «a vida sem lágrimas, tal como a choramos. E depois, merda.» ;)
Finalmente chegou a hora, margem! Estou lá dentro.
dizer merda é chorar sem lágrimas. :)
isto é dos charros, anoni.!
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