Não li tudo o que Vasco Pulido Valente escreveu a perorar contra o fascismo anti-tabagista, só esta parte, que o Pedro Mexia postou.
Nem comecei a fumar por ser tímida (embora seja). Comecei porque era adolescente e todos os adolescentes são parvos (ou então não, só eu é que era). Não lamento nenhum dos cigarros que fumei, excepto, talvez, o primeiro. Hoje invejo sincera e candidamente todas as pessoas que nunca fumaram e que não têm de prescindir de um dos maiores prazeres da vida, só porque não lhes calha morrerem jovens e bonitos - sim, eu quero morrer toda encarquilhada, depois de uma vida lenta e serena e, já agora, que o meu último fôlego não seja o bafo da garrafa do oxigénio. Também me escondo por trás do cigarro, Vasco, e sei que os paus de canela são pobres substitutos, embora deixem um hálito irresistível e eu vá adoptá-los plenamente, assim como as pastilhas e os chupa-chupas.
E, não obstante fazer todo o sentido deixar de fumar, não consigo que o faça dentro da minha cabeça ou do meu corpo. Suponho que nem seja por ir deixar de ter o arzinho de à-vontade que o Vasco tem. Fumar faz(ia) tão parte do meu ser e do meu estar que, quando decidi deixar, planeei que, quando puder, daqui a muitos anos, regressarei a este prazer (como a Aldina escreveu num comentário aqui em baixo, lá pelos 60). E é por isso que nunca contarão comigo nessa cruzada do mundo asséptico-espartilhado e do respeito cego e burro pelo semelhante. Aqui o povo, para não variar, está contigo, camarada Vasco.
Nem comecei a fumar por ser tímida (embora seja). Comecei porque era adolescente e todos os adolescentes são parvos (ou então não, só eu é que era). Não lamento nenhum dos cigarros que fumei, excepto, talvez, o primeiro. Hoje invejo sincera e candidamente todas as pessoas que nunca fumaram e que não têm de prescindir de um dos maiores prazeres da vida, só porque não lhes calha morrerem jovens e bonitos - sim, eu quero morrer toda encarquilhada, depois de uma vida lenta e serena e, já agora, que o meu último fôlego não seja o bafo da garrafa do oxigénio. Também me escondo por trás do cigarro, Vasco, e sei que os paus de canela são pobres substitutos, embora deixem um hálito irresistível e eu vá adoptá-los plenamente, assim como as pastilhas e os chupa-chupas.
E, não obstante fazer todo o sentido deixar de fumar, não consigo que o faça dentro da minha cabeça ou do meu corpo. Suponho que nem seja por ir deixar de ter o arzinho de à-vontade que o Vasco tem. Fumar faz(ia) tão parte do meu ser e do meu estar que, quando decidi deixar, planeei que, quando puder, daqui a muitos anos, regressarei a este prazer (como a Aldina escreveu num comentário aqui em baixo, lá pelos 60). E é por isso que nunca contarão comigo nessa cruzada do mundo asséptico-espartilhado e do respeito cego e burro pelo semelhante. Aqui o povo, para não variar, está contigo, camarada Vasco.
12 comments:
(adolescente parva... não, eu é que era!)
gostei de te ler, menina-alice.
eu reajustei em número por me estar a sentir mal, alterei algumas rotinas e fixei-me (faz bastante tempo) nos 10/diários. Se me excedo, sinto-me mal e no dia seguinte volto aos 10 ou menos. Não sei explicar, mas penso que o meu corpo fez-me o favor de avisar de que já não tenho 20 anos. Talvez ainda chegue o dia que de 10 passo a 5, será quando o corpo me avisar de que já não tenho 40, aos 60 quem sabe, talvez só fume nas festas!:D
(e continuo a fumar da mesma forma, ou seja apago muito antes de chegar ao filtro)
...e o dinheiro que se poupa por ano? 1,500€ ainda dao para umas fériazitas!
Força Ali!
Também fumo 10 ou menos por dia desde há umas 2 semanas, n.. Só que passei a fumar isso quando decidi deixar de fumar e o efeito psi é todo diferente. É como escrevi, acho que lá pelos 65, volto. E também passei a apagar bem antes do filtro. :)
São essas contas, são, Scarlata. Se bem que nunca chorei o dinheiro que gasto(va) com o tabaco. Ontem à noite comprei o meu último maço. Vai ter de ser com força, vai.
Obrigada, Maria. ***
Eu também nunca chorei, mas durante dois anos a seguir de ter deixado de fumar pus no porquinho o dinheiro que gastava no tabaco e em agosto quando fazia a matança davam-me ca' um jeitaço!...
;-)
quando escreves coisas como estas - "nunca contarão comigo nessa cruzada do mundo asséptico-espartilhado e do respeito cego e burro pelo semelhante" - não consigo deixar de ter por ti um enorme respeito. toma lá um abraço forte e olha! força nestes primeiros tempos de míngua de nicotina.
Oh, que lindo, Martita B.. Espero estar à altura do teu respeito e desse abraço. ***
Só há uma maneira de deixar de fumar. Fumei durante 40 anos e parecia-me ser impossível deixar de fumar.Um dia fui ao médico e ele aconselhou-me a deixar o tabaco porque sofria duma bronquite crónica. Já tinha feito várias tentativas e, depois retomava. Após esse dia resolvi definitivamente deixar de fumar. Andei durante muito tempo com o tabaco e o isqueiro no bolso,até se estragar. Confesso que foi doloroso mas ganhei a batalha. Hoje não suporto o fumo nem me imagino com um cigarro na boca. Basta haver força de vontade.Deixar de fumar ás prestações quase nunca resulta. J.S.
e ainda me questiono (raro!) se fui eu que deixei o cigarro (os 3 maços diários!!!) se o pobre de se ver tão mal tratado que eram uns começados e deslargados a esvair-se em cinza na ponta de uma mesa, na borda de banheiro, se ele me abandonou por estar farto.
Ainda hoje questino, mas o certo é que além de ter abandonado o vício e se era!! que me fazia pela noite andar...
não, não conto poupo-vos
o certo é que fiquei sem qualquer saudade
não sonho
não sinto vontade se o vejo deliciado nas bocas dos outros
apenas
e muito!!!
sinto-lhe o cheiro que me nauseabunda na boca dos que fumam
e incomoda-me o fumo
(chego a ter vergonha
o que levo de castigo, mas peço o mais delicada que consigo: afasta isso!)
que me perdoem mas
o sentido do olfacto por vezes até me incomoda
é que ainda sinto mais (e tanto!!)os variados e diferentes perfumes, desodorizantes, cremes e outros menos delicados odores
já lá vão mais de dois anos
que se mantenha a odiar-me, e farto de me ver o tal cigarro
eu agradeço e retribuo o mimo!
Alice - desejo-te toda a força do mundo. eu consigo pacificamente a intermitência semi-saudável de só fumar um (ou 10) cigarros quando me apetece, por prazer. é o que te desejo. e quanto a isto
"nunca contarão comigo nessa cruzada do mundo asséptico-espartilhado e do respeito cego e burro pelo semelhante"
só te digo que és a máióre! tive uma reacção muito próxima dessa quando me deparo com campanha moralista anti-tabágica na exposição Bodies.
*
:)
Obrigada.
Ah, e quando dou conta, já deixei de fumar há cinco anos!
Bem, deixei primeiro de fumar dois anos, depois voltei a recomeçar outros dois. E desde que parei dessa segunda vez já lá vão cinco anos. :)
O saldo é bastante positivo.
Muito, muito positivo.
Vais ver que vale a pena. :)
Post a Comment