Por conseguinte, sonhar com barcos já seria suficientemente mau, só que, nesses sonhos, acontece sempre algo muito pior que o próprio barco, não é meramente uma questão de atmosfera opressiva ou fetiche fóbico. Algo que parece existir ou acontecer apenas porque os barcos são meios ominosos, quase como se pudesse desvanecer tudo se o sonho - de repente e inadvertidamente, como acontece em todos os sonhos - passasse a acontecer num comboio.
No de hoje, alguém tinha raptado o meu filho e eu, por um lado, narradora omnisciente, via-o amordaçado e de mãos e pés atados num sítio escuro, apertado e húmido. Como personagem, ignorava por completo onde estava, sequer se estaria ainda no barco. O barco - enorme, com ferrugem a aparecer em algumas junções, uma espécie de ferry-boat pesado a fazer lembrar os tempos da Cortina de Ferro - estava umas vezes em alto-mar e outras perto de uma doca sinistra. A polícia procurava com cães e altifalantes, alternado entre um grande corropio e uma calma desesperante. Acabei por o encontrar eu: tinha estado aquela eternidade toda a espreitar os aparelhos dourados e as luzinhas cintilantes no isolamento confortável daquela casinha altaneira onde o comandante mora.
4 comments:
ora bem, resolveste-o. :)
O chamado Maddie-syndrome em versão trágico-marítima.
Tens de deixar de ver telejornais.
... deixar de ver telejornais, ler livros e ver filmes, principalmente, sobre barcos...
mas diz lá, alice, assustador, mas grande sonho!
eu nunca me lembro de tanto pormenor, princípio,meio e fim, tudo,...
Eu lembro-me de vários pormenores quando me lembro do sonho, maria. Neste caso até cheguei a acordar no meio da aflição e acho que voltei a adormecer mesmo para resolver o sonho, como diz a N..
Eu tinha de dar o meu toquezinho épico à coisa. :D:D:D
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