August 21, 2007

afinal tenho bom aspecto e um semblante agradável

A minha mãe diz que eu faço um ar antipático na rua e que ofereço pouco mais que as falas a que me obriga a boa-educação quando me cruzo com as pessoas. Eu fico contente quando ela o diz porque comprovo os bons resultados da minha táctica de me manter na minha frequência com o mínimo de estática possível. Ela também devia ficar porque demonstro que levo muito a peito o que me ensinou sobre contactos com estranhos.

Desafortunadamente, as circunstâncias vêm contradizendo esta constatação materna: hoje foi, nada mais, nada menos, que a quarta vez (em menos de seis meses) que, não havendo mesas disponíveis na praça de alimentação do Colombo, alguém me pediu se se podia sentar na mesa onde eu estava aparentemente sozinha (por exemplo hoje estava com a Laura Veirs, mas ela é pequerrucha, tanto que ocupa apenas 57 Mb da mesa).

Vá lá, tenho tido sorte. Têm-me calhado cidadãos educados e respeitadores, mas corro sempre riscos de quererem conversar comigo ou até de acharem que é suposto fazerem-no para me compensar do incómodo. Ainda hoje tive de abanar a cabeça, assinalando com o eufemismo do meu silêncio a desaprovação por o diálogo - idealmente composto de apenas 2 a 4 frases curtas - já se estender para o "Nem costumo vir almoçar aqui", ansioso da minha inexistente solidariedade.

Vou ter de passar umas horitas ao espelho a repor a normalidade, vou.

5 comments:

salamandrine said...

o desespero é sempre maior do que o medo ehehehehe

as vizinhas da minha mãe, portanto minhas ex-vizinhas, tb se queixavam que eu era antipática, não falava a ninguém, contornava carros, ou tinha um ar muito triste, mas mesmo assim atentavam contra a própria vida tentando beijar-me. devia ser para poderem voltar a fazer queixas à minha mãe...

João Lisboa said...

Tu tem muito cuidado com isso, Alice!

Uma reputação de mal-encarada duramente conquistada não pode ser assim deitada a perder...

saturnine said...

curioso este post. ultimamente tenho constantado que devo ter um ar tão insuportavelmente antipático quando me encontro em situações sociais do meu desagrado, que intimido as pessoas. só este mês tem sido um fartote de súbitos pedidos de desculpa por existir, sem eu necessitar pronunciar qualquer palavra. é só franzir o sobrolho 'daquela' maneira. pá, devo ter um ar mesmo antipático. :| e suspeito que em grande parte tens sido o meu modelo, Alice. que isto te ajude a repôr a normalidade. :')

menina alice said...

Não podendo deixar de me ressentir com a responsabilidade que me colocas nas espaldas, lisonjeias-me e deixas-me orgulhosa, spot. Nunca franzas mais que uma sobrancelha, perdem-te o respeito num instante. ;)

saturnine said...

sempre e só a esquerda, Alice, que é por acaso a minha sobrancelha mais bonita. ;)