pontos de exclamação

Não é a primeira vez que leio este desprezo por quem usa os pontos de exclamação. Não pelos sinais propriamente ditos, mas especificamente por quem os utiliza. Como se vigorasse uma etiqueta da escrita, uma etiqueta que se sobrepusesse às regras de bem-escrever (ou de tentar escrever sem ofensas gravosas às regras) e que revelasse indubitáveis das escolhas de quem os usa. Como se tudo fosse psicanalizavel e fossemos todos psicólogos. A mim, toda herdeira de judaico-cristianismos bacocos, cabe-me logo a carapuça, e uso menos a exclamação por saber que há quem tanto a despreze. E, já agora, as reticências, que também há muito quem as desatenda. Fico logo em pontas para esclarecer que não são "vidas cheias de emoções, boas e más" de que aqui venho dar conta. As minhas vidas são todas desinteressantes - se não fossem, eu não tinha um blogue -, são todas serena e respiradamente desinteressantes. Por vezes sou tão desastradamente cool que pareço numb. Só não sou desajustada porque observo e imito na perfeição.

Sobretudo, venho aprendendo que não devo partir de princípios ou certezas. Que, humildemente invocando o génio e rendendo-me à evidência do enunciado, só tenho certeza da minha ignorância. Fôra eu um desses sinais das frases e seria uma vírgula - uma pequena e quase insensível pausa que só se sente se se estiver com atenção a quem respira.