November 29, 2007

da série: posts incompletos

POEMA

alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva de uma estrada

alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para ler

alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direcção dos rios

alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para te ouvir sonhar


ANTÓNIO JOSÉ FORTE


5 comments:

Pedro said...

Se eu não te amar mais me
Caia o mar nos ombros
Me caia
Este silêncio pelos ossos dentro
Me cegue os olhos esta sombra
Me cerre
Esta noite num escuro mais profundo
Do que a chuva de ti de mãos tão leves
A figueira do meu sangue se emudeça
De pássaros à espera dos teus passos
De outra voz por sobre a minha
Morta
E as ruas do teu corpo eu desaprenda
Como desaprendi os dedos que em tocam
E se eu não te amar mais me caia a casa
De costa no teu peito como o vento.

António Lobo Antunes

Anonymous said...

não queria escrever aqui ... mas não resisto, só uma palavra... lindoooooooooo

menina alice said...

:) Ah! Mas tu és talvez das quase-únicas pessoas que podiam escrever aqui. ***

margarete said...

PRONTO... tb não fui mais forte, tb não resisto... suspiro

bom-dia :)

p.s. copiei ambos poemas e imprimi :P

© Maria Manuel said...

muito bonito, alice!