March 16, 2008

às paredes eu confesso

gosto...

do formato da boca do meu filho quando dorme e da paz dele
de apanhar um episódio que ainda não tenha visto, mesmo a começar
de passear em Londres com frio, sem chuva e com um casaco quentinho fechado até acima
de calão
de saberem no restaurante que bebo Stout com a comida goesa
da paciência da Sandra para me ensinar, apesar da minha preguiça
da minha preguiça
das mãos, do peito e das pernas do Pedro
de bolachas de aveia
dos acordes iniciais do the wrong road
de requeijão com doce de abóbora
das turras da gata
de caril
de ficar na cama quando não está sol
de tomar outra vez banho à hora do almoço
de receber saudades do Paulo por SMS
de ouvir a chuva
de ir com o Jorge comprar perfumes
do cheiro do refogado
de bolas-de-Berlim
de ser uma irremediável optimista
de areias de Cascais
da honestidade brutal de algumas pessoas
de fazer e ver fazer bem feito
de fazer rir o João na biblioteca
De a minha F3 e a 50mm aguentarem todas as quedas que já lhes infligi
de ter razão desde o princípio
do Ennio Morricone
do arrepio que me dão músicas
dos posts generosos da margarete
de lingerie
de ninguém na sala de cinema fazer barulho
de Jameson
de entendimentos silenciosos e de cumplicidades
de massagens
dos elogios e das histórias da Lia
do cheiro a gasolina
de acreditar se quiser
de me orientar no escuro
de nadar devagar
de ler até quase adormecer
do cheiro do couro
de fumar
de prendas e surpresas boas
de conseguir resistir
de jogos
de gostar das minhas fotografias
de fatias douradas
de cabrito assado
de sair do cinema com uma sensação de despertença
de tangerinas e de cerejas
da película que fica sobre os pudins Royal
de lençóis frios e de toalhas secas e ásperas
de coca-cola
de DKNY
de pão quente com muita manteiga
de queijo
de igrejas
de ter mais dinheiro que pensava
de lareiras
de óculos de sol
being missed
de ter medo de filmes de terror
de passear a ouvir música nos phones
de cantar alto no carro
do Woody Allen, do Roth e do Leonard Cohen
de ter um blog
de ler o jornal na esplanada
de escadas com tiras anti-derrapantes
de não poder imaginar a vida sem música
da voz do Camané
de homens
de mulheres fortes mas que dançam como se pairassem sobre a terra
de pastéis de massa tenra
dos caminhos que os pingos de água fazem nas janelas
de ter tempo
de mãos a gesticular e a acariciar
de Espanha
de começar a sonhar mal adormeço
das estradas sem fim do Alentejo e dos road movies americanos
de café
de verniz vermelho
de inventar grandes enredos que acabem em incontornável disparate
de areia grossa e de desmanchar com os dedos os torrões
de narizes cheios de personalidade
de ignorar o telefone
de andar descalça no chão frio quando está muito calor
de símbolos com números
de inventar combinações com as matrículas dos carros
de me equilibrar apenas sobre uma perna
da pele
do efeito da pouca profundidade de campo e de grão a preto e branco
da Índia, de Bollywood e da mistura do rosa, com o laranja, o verde e o vermelho
de especiarias quentes
de me mostrarem coisas porque acham que eu vou gostar
de ver provas de mergulho
de sandálias e chinelos
de túlipas e de orquídeas exóticas
de contrabaixos
de yoga
de concluir que afinal gosto
do Caramel da Suzanne Vega
de aprender a passear
de desenhar claves de sol
de fazer testes parvos
de pés bonitos
de conversar à mesa
de me fazeren sorrir as memórias de sorrisos
de castanhas de cajú
de fazer listas de gostos e saber que não acabam

12 comments:

margarete said...

:) eu gosto de ti


p.s. posts generosos?! nunca me passaria isso pela cabeça :O

menina tóxica said...

acabo de descobrir que não sou a única a inventar combinações com as matrículas dos carros :)))

salamandrine said...

dá vontade de meter na parede :)))

João Lisboa said...

"das turras da gata"

Quando tu ordenas e/ou autorizas, claro.

menina alice said...

"dá vontade de meter na parede"

Logo tu que sabes que a parede tem rachas! :D

"Quando tu ordenas e/ou autorizas, claro."

Tão mais fácil quando tu compreendes. Outro exemplo: ela aprendeu que dentro dos lençóis não é sítio para ela e já nem tenta. é uma badocha toda espertinha a minha b'xana.

Menina Limão said...

de Jameson, ó bebedolas? de massagens? essa era uma boca, não era? humpf. andas a passar das marcas. do cheiro a gasolina? cruzes! não aguento. :s tenho saudades de ler até adormecer. passear a ouvir música nos phones, sim! cantar alto no carro, sim! das estradas sem fim do Alentejo e dos road movies americanos. :)) café is god. de ignorar o telefone - voto nessa a dobrar! concluir que afinal gosto, também. :)

e claro, isto nunca mais acabaria.

menina alice said...

sabias que existe uma explicação científica para eu gostar de cheirar gasolina, Limão? (agora é aquela altura em que eu descubro se me amas o suficiente para receberes todas as respostas a todos os comentários que deixas no meu blog no mail)

Menina Limão said...

amo-te.











(e agora, temos de ir para a cama fazer maluqueiras? ó mamã, tenho medo!)


diz lá qual é a explicação científica...

menina alice said...

Ela mi ama! Ela mi ama! :D

Quando a minha mamã estava grávida de mim, pelava-se para ir snifar para as bombas de gasolina. :D

Menina Limão said...

a tua mãe era uma pessoa estranha. já percebi tudo.

bookworm said...

Quando a minha mamã estava grávida de mim, pelava-se para ir snifar para as bombas de gasolina

:|

isso explica muita coisa. >:]

menina alice said...

Nem todos se podem gabar de ter uma explicação abrangente destas!

:D