“Talvez por necessidade, talvez por resposta aos que me seguem, quando acabo um trabalho já estão na forja muitos outros. Se a criação fosse uma espécie de floresta-estufa diria que quando já existem plantas prontas a sair, há outras que ainda são apenas semente, outras já no viveiro, outras ainda simplesmente a precisar de tempo p’ra crescer.
Quando o António Cunha da UGURU me propôs, de certo modo, a entrada do agente sanitário, do comprador de plantas, do expert em inventários, isto é uma revisão da matéria produzida até aí, saí da estufa, esqueci a floresta e fui ao escritório, ao livro de registos, consciencializei as compras, os gostos gerais, os mais particulares, os únicos.
É tempo, sobretudo, de recolecção em prados conhecidos. De pegar em cada canção, olhá-la como se olha uma planta, ponderar o que é fruta, flor, cacto ou arbusto, escolher as mais resistentes, as que melhor se darão no mercado da praça, as mais vistosas, eventualmente as que, com formas estranhas, possam chamar a atenção porque definitivamente, mais ninguém tem iguais para vender.
É tempo de recolecção. De pôr as canções todas 'numa carreirinha, para ver até onde eu cheguei', como dizia a Rosa Ramalho a propósito das suas peças de cerâmica. Não serei seguramente só eu a fazer a escolha. Lembrarei, é claro, as que são mais fáceis de transportar, as que têm mais perfume, as que são mais resistentes, as que ficam de certeza, muito melhor na janela do vizinho do que na minha.” (AM)
Quando o António Cunha da UGURU me propôs, de certo modo, a entrada do agente sanitário, do comprador de plantas, do expert em inventários, isto é uma revisão da matéria produzida até aí, saí da estufa, esqueci a floresta e fui ao escritório, ao livro de registos, consciencializei as compras, os gostos gerais, os mais particulares, os únicos.
É tempo, sobretudo, de recolecção em prados conhecidos. De pegar em cada canção, olhá-la como se olha uma planta, ponderar o que é fruta, flor, cacto ou arbusto, escolher as mais resistentes, as que melhor se darão no mercado da praça, as mais vistosas, eventualmente as que, com formas estranhas, possam chamar a atenção porque definitivamente, mais ninguém tem iguais para vender.
É tempo de recolecção. De pôr as canções todas 'numa carreirinha, para ver até onde eu cheguei', como dizia a Rosa Ramalho a propósito das suas peças de cerâmica. Não serei seguramente só eu a fazer a escolha. Lembrarei, é claro, as que são mais fáceis de transportar, as que têm mais perfume, as que são mais resistentes, as que ficam de certeza, muito melhor na janela do vizinho do que na minha.” (AM)
Post roubado na íntegra ao João Lisboa (anzol, linha e cana)
(isso e o meu blog não aparecer na primeira página quando se usa a query Amélia Muge no Google)
1 comment:
:)
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