É preciso conhecer-me bem para intuir que, por debaixo da aparência calma e controlada, me debato titanicamente para não lhe premiar as nádegas com duas sonoras palmadas. Desde logo, porque sei que esse recurso está bem para além do último e, depois, porque a formatação que assumi nem me permite essa via. Repreender filhos na área das grandes superfícies comerciais ultrapassa todo o meu conceito de decência e dignidade. Se o fizesse era como se permitisse que me invadissem a privacidade para todo o sempre. Só imaginar que alguém, daqui a vários anos, pode recordar-se da forma assassina como abri os olhos e rosnei para aquele puto por se ter escondido de mim num hipermercado, quase me sinto legitimada a castigá-lo por longos meses.
Por momentos, revisitei a memória lúcida da infelicidade eterna a que se condenaram os pais da filha que desaparecia em "A Criança no Tempo" do Ian McEwan, como se se tratasse do início de um pesadelo vivido em consciência e medo. Tanto medo.
Por momentos, revisitei a memória lúcida da infelicidade eterna a que se condenaram os pais da filha que desaparecia em "A Criança no Tempo" do Ian McEwan, como se se tratasse do início de um pesadelo vivido em consciência e medo. Tanto medo.
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