Vim de lá agora, fui olhar pela desarrumação das lombadas. Sabes, nisso os objectos são melhores que as pessoas, nisso de não nos sentirem o peso, quer dizer, as cadeiras e as escadas e as balanças até sentem, mas tu sabes que não era desse peso que eu falava. Lês um livro e nada do que sentes o importuna. Debulhas-te em lágrimas no rodado de um disco e o disco nem dá por ti. Mas então as lombadas: estive a ver como se dispõem as cores, não sendo esse o critério desorganizativo que as alinha, e constatei que é mais fácil encontrá-las e lembrarmo-nos delas dessa forma. Se um dia deixarem espaços em negro, podemos olhá-los (aos espaços) com a memória das cores e passar tempo a fazer isso. Como passa tempo, a memória das cores transforma-se na memória das palavras, e a memória das palavras, quando se alinha em lombadas, transforma-se na memória dos dias.
E os dias depois passam. Como a tristeza no outro post.
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