The Kid (trailer)
Tenho idade suficiente para ter vivido a maior parte da minha vida apenas com a televisão do Estado. Sem nostalgias - porque não as tenho -, lembro-me de ver muito cinema na RTP1 e na RTP2. E quando escrevo cinema, falo de cinema-cinema, de realizadores importantes e de filmes essenciais, muitos vistos ainda sem maturidade e capacidade de análise suficientes para tudo apreciar devidamente, mas vistos. Provavelmente, numa qualquer fase da minha adolescência, diagnostiquei-me um afastamento de todo o cinema que envolvesse exagero na representação com o corpo, uma amargura sobranceira das tragédias e das comédias excessivamente dramáticas ou apalhaçadas, respectivamente. Chaplin e Tati foram duas das vítimas maiores. Com o segundo, fiz as pazes há algum tempo. A Chaplin ainda não me tinha abalançado.
Calhou ser hoje, numa plateia cheia de (muito bem-comportadas) crianças, com a banda sonora assegurada por um grupo (que eu desconhecia) a substituir a partitura de Charlot, os Coty Cream. E rendi-me.
O sub-título diz que é uma comédia com um sorriso e, talvez, uma lágrima. A trama é simples: uma mulher, mãe solteira, abandona o seu bebé num carro grande, estacionado frente a uma casa de pessoas com dinheiro. O carro é roubado e os ladrões, quando descobrem o bebé, abandonam-no. Charlot encontra-o e ao bilhete que pede a quem o encontrar que tome conta dele. O vagabundo assim o faz, não sem antes o tentar passar a outro e não ao mesmo. Passados cinco anos, Charlie e John (o miúdo), co-habitam em regime de plena democracia e atenção mútua e têm montado um negócio em que o petiz parte os vidros e Charlot, de forma escandalosamente oportuna, aparece para os "reparar". A mãe, essa, tornou-se uma estrela e partilha parte dos seus chorudos proventos com as crianças pobres e seus pais. Assim se cruza com o filho que abandonou.
O resto é a história e acaba bem, apesar de tudo apontar para o contrário. Perto desse desfecho, Charlie sonha um sonho maravilhoso, com asas de anjos, pequenos demónios e a criação dos mais básicos conflitos da humanidade. Com cores diferentes e outros nomes, as histórias repetem-se sempre.
A cor que aquilo tudo tem! Como tudo se liga e se mostra. Como, em 1921, ele nos leva pela mão onde quer que cheguemos...
Estou em paz com Chaplin.
Calhou ser hoje, numa plateia cheia de (muito bem-comportadas) crianças, com a banda sonora assegurada por um grupo (que eu desconhecia) a substituir a partitura de Charlot, os Coty Cream. E rendi-me.
O sub-título diz que é uma comédia com um sorriso e, talvez, uma lágrima. A trama é simples: uma mulher, mãe solteira, abandona o seu bebé num carro grande, estacionado frente a uma casa de pessoas com dinheiro. O carro é roubado e os ladrões, quando descobrem o bebé, abandonam-no. Charlot encontra-o e ao bilhete que pede a quem o encontrar que tome conta dele. O vagabundo assim o faz, não sem antes o tentar passar a outro e não ao mesmo. Passados cinco anos, Charlie e John (o miúdo), co-habitam em regime de plena democracia e atenção mútua e têm montado um negócio em que o petiz parte os vidros e Charlot, de forma escandalosamente oportuna, aparece para os "reparar". A mãe, essa, tornou-se uma estrela e partilha parte dos seus chorudos proventos com as crianças pobres e seus pais. Assim se cruza com o filho que abandonou.
O resto é a história e acaba bem, apesar de tudo apontar para o contrário. Perto desse desfecho, Charlie sonha um sonho maravilhoso, com asas de anjos, pequenos demónios e a criação dos mais básicos conflitos da humanidade. Com cores diferentes e outros nomes, as histórias repetem-se sempre.
A cor que aquilo tudo tem! Como tudo se liga e se mostra. Como, em 1921, ele nos leva pela mão onde quer que cheguemos...
Estou em paz com Chaplin.
No comments:
Post a Comment