A Muralha da China
photo (today is a good day)
Inicia o que se deseja uma série - uma ambiciosa série - de 500 posts com os sítios que tenho de visitar antes do dia e hora em que passarei a abranger todo o cosmos, dessa feita (e infelizmente) só com a minha área incorpórea, que não passeia, só deambula, que não experimenta, só sente, que não cresce, só abrange. Também não sofrerá com o calor, os atrasos, as doenças, a falta de cortesia, os hotéis farsolas, as variantes sofríveis da fast food e os restaurantes de turista, o azar de ter calhado numa zona de elevada criminalidade, os insectos assassinos e os sonsos, os aviões sem espaço para as pernas, o whisky mau, a falta de café, os pés em chaga, os tostões contados para o metro para o aeroporto, o próprio aeroporto, as saudades da almofada e o pão inacreditável.
Como dá para reparar, não tentaremos ser breves.
Como dá para reparar, não tentaremos ser breves.
13 comments:
Primeiro a questão estatístico/logística: nem há 500 sítios que "tenhas de visitar" (não vale fazer batota e pôr, por exemplo, 30 de Amsterdão e 80 de Nova Iorque: Amsterdão e Nova Iorque só contam como 1 cada) nem, segundo esse critério, tu - a menos que ganhes o Euromelões e dediques o resto da vida à nobilíisima arte do ócio viajante - irás poder visitá-los todos. Aos 500;
Depois, mais uma vez, a ortografia da gíria: "farsola" não será "farçola" ou "farssola"?... é que "farsola" deveria ler-se "farzola"... ou não?
Sempre a considerá-la.
"não vale fazer batota"
Claro que vale fazer batota! Aliás, nem é batota porque isto é como o Calvinball, as regras são criadas à medida da minha soberana e déspota vontade. E digo-te já que valem 30 locais de Amsterdão e 80 de N. Iorque (pelo menos!). E também valem sítios do rectângulo. Portanto, podes começar a sugerir.
"mais uma vez, a ortografia da gíria"
Que fique claro que escreveste "mais uma vez" com um certo e determinado tom! E a verdade é que, por pertinente que seja a questão que levantas, ainda não contribuiste para a resolução da primeira. Se começamos a derivar objectivos, não há meritocracia que aguente.
Respeitosa vénia e votos de vida sadia.
Pá, tu és linda.
só quero dizer o seguinte:
farsola vem de farsa e escreve-se farsola
"só quero dizer o seguinte:
farsola vem de farsa e escreve-se farsola"
O tanas! Até parece ter lógica e ser "farsola" que vem nos dicionários, mas a verdade é que Camilo e Bocage escreviam "farçola", pelo que, em casos destes, manda quem pode...
também escreviam pharmacia que até era bem bonito
"farsola vem de farsa e escreve-se farsola"
O meu raciocínio foi este precisamente.
Alicinha, tu já fazes parte do cosmos, tanto na parte corpórea como na incorpórea. E por incorpórea estou a considerar a consciência, a parte do "penso, logo existo", a parte da causa/efeito da criação, a existência. Quando partires para a "final journey", tu não irás deixar de existir, continuarás a existir no estômago pequenino dos germes, que partirão também e se tornarão adubo para uma qualquer flor que dará um qualquer fruto que será comido por uma qualquer pré-mamá, que passará, via placenta, a um qualquer bébé. Logo, tu serás sempre parte integrante do cosmos, corpórea e incorpóreamente, uma vez que existirás para todo o sempre (ou até o universo ser engolido por uma qualquer singularidade, mas isso são outras viagens).
:)
também escreviam pharmacia que até era bem bonito
Mau argumento. Não só a ortografia anterior ao acordo de 1911 (que eliminou muitas consoantes dobradas, o ph, o th e o y) era mais fiel à etimologia, como não consta que tenha tenha alterado a grafia da palavra farçola. Farçola não é gíria e o termo aparecia frequentemente em jornais do séc. XIX, grafado assim mesmo: "farçola".
Pelos vistos, escapou aos escritores e jornalistas desse século a evidência, que - aparentemente - dispensa justificação, de "farçola vir de farsa".
Descanso a minha mala.
E subscrevo a tese física-antimetafísica do nick.
"Pelos vistos, escapou aos escritores e jornalistas desse século a evidência, que - aparentemente - dispensa justificação, de "farçola vir de farsa"
No que me diz respeito, muito sinceramente, nunca questionei. Achei que a justificação seria essa, pareceu-me bem e escrevia assim. Obrigada pela explicação e pela questão.
Nico, gosto muito desta parte: "existirás para todo o sempre". Porém, para aí chegar, levas-me a concluir que eu não sou senão outrém que existiu na barriguinha dos germes que, já cadáveres, adubaram a terra de onde brotou o fruto que alimentou a minha mãe quando estava grávida de mim. Ou seja, uma enorme javardice da qual decidi vou fazer tábua rasa para me poder continuar a achar um ser único e irrepetível. :D O meu ego prefere. ;)
já eu só tenho a dizer que por causa deste post esta noite tive um sonho com a muralha da China. truly really spooky shit. :D
Iz got the poua? ;)
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