Há em nós uma ciência das coisas que não fazemos ideia de possuir, escreveu o Lobo Antunes, na crónica da Visão de 20 de Março.
Medro (de medrar falo em depois dos 15/16 anos numa primeira fase e em depois dos 30, numa segunda, ou seja, do tempo que medeia entre a pós-impubescência e a plena força dos corpos) ao lado de pessoas que me mostram música a rodos, que se revelaram no avançar dos segundos e minutos no mostrador digital do deck, do leitor de CD ou do MP3. Amigos ou amores que, com dolo ou negligência, deram tangibilidade, formaram, deram osso a uma necessidade quase tão básica como de dormir ou comer. Precisar de ouvir música, encontrar-me nela, estranhar-me por ela e sofrer sem ela. Sair da gruta. Ficar na gruta. Sentimentos, vozes, olhos ou mãos. Copos inteiros e corpos meeiros. Divisão de bens imateriais, de activos impossíveis e de passivos redentores. Escolhi pois, deixar-me levar pela mão, eterna aprendiz de feiticeiros e sábios, de mestres generosos que nem me atrevo a olhar sem ser expectante e em serena humildade. De difícil desafio, mantenho-os no púlpito e bebo os saberes do conforto do meu sofá.
E apesar de tudo, cedi e fiz o DJ'ing da viagem de ida. Optei, está bom de se ver, por cartas altas e tinha o jogo ganho à partida. Jogava em casa, esclareça-se. Não fiz batota, mas tinha uma mão muito forte e não desperdicei oportunidades. Ou seja, não fiz batota, mas joguei baixo, que é um tipo de jogo que só vale se a partida for amigável ou amorável. Ele diz que arrasei. Eu sei que me deixou ganhar mas que, para a próxima, vai dar-me menos abébias. Daí o Lobo Antunes. A citação dele, digo. Espero que seja verdade.
[título alt - nos ombros de gigantes]
Medro (de medrar falo em depois dos 15/16 anos numa primeira fase e em depois dos 30, numa segunda, ou seja, do tempo que medeia entre a pós-impubescência e a plena força dos corpos) ao lado de pessoas que me mostram música a rodos, que se revelaram no avançar dos segundos e minutos no mostrador digital do deck, do leitor de CD ou do MP3. Amigos ou amores que, com dolo ou negligência, deram tangibilidade, formaram, deram osso a uma necessidade quase tão básica como de dormir ou comer. Precisar de ouvir música, encontrar-me nela, estranhar-me por ela e sofrer sem ela. Sair da gruta. Ficar na gruta. Sentimentos, vozes, olhos ou mãos. Copos inteiros e corpos meeiros. Divisão de bens imateriais, de activos impossíveis e de passivos redentores. Escolhi pois, deixar-me levar pela mão, eterna aprendiz de feiticeiros e sábios, de mestres generosos que nem me atrevo a olhar sem ser expectante e em serena humildade. De difícil desafio, mantenho-os no púlpito e bebo os saberes do conforto do meu sofá.
E apesar de tudo, cedi e fiz o DJ'ing da viagem de ida. Optei, está bom de se ver, por cartas altas e tinha o jogo ganho à partida. Jogava em casa, esclareça-se. Não fiz batota, mas tinha uma mão muito forte e não desperdicei oportunidades. Ou seja, não fiz batota, mas joguei baixo, que é um tipo de jogo que só vale se a partida for amigável ou amorável. Ele diz que arrasei. Eu sei que me deixou ganhar mas que, para a próxima, vai dar-me menos abébias. Daí o Lobo Antunes. A citação dele, digo. Espero que seja verdade.
[título alt - nos ombros de gigantes]
7 comments:
Bonito post de uma Pessoa Bonita.
(há dias assim, esta tarde está cheia de coisas bonitas)
amo, assim de paixão, uns gaj@s dess@s :)
E agora eu faço olhos de Bambi e pergunto se tenho alguma coisa a ver com isto? :)*
Menina-Alice:
Belo texto :))
E, já agora, que música é que passaste??? ;)
Beijos...
Obrigada, pessoas fixolas.
Terás alguma coisa a ver com isso, sim, rapaz que me dá muita música. :D
António... tu vais obrigar-me a descobrir a careca e a revelar o meu set "com o meu vestido preto nunca me comprometo"?...
Menina-Alice:
Era só curiosidade de DJ nas horas vagas :)) Mas não, mantém os teus trunfos bem guardados ;)
:) Não são é trunfos. Eu tenho vergonha porque era tudo muito chapado, só bifinhos do lombo. Uma cana desgraçada. :D Quando é para jogar baixo, eu não faço cerimónias. :D
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