May 29, 2008

lagarto! lagarto! lagarto!...

Passados quase 10 anos, cruzar as portas pesadas de um tribunal traz saudades de tudo o que preferi guardar como bom na memória (a nostalgia é sempre selectiva). Voltar a respirar o ambiente da lide dá às recordações e às sensações uma aparência do real, uma consistência vizinha da adrenalina daqueles anos. Ser advogado não é ter uma profissão comum, é - tem de ser - quase um sacerdócio, pleno de rituais, segredos, códigos, regras implícitas, deontologia rígida, alvos noviciados e missas negras. Escolhi bem e vou tendo cada vez mais certeza disso, mas dentro de mim coexistiam duas advogadas desconchavadas e malquistas: uma que trabalhava sozinha, sem as formatações e as folhas de horas das sociedades fast-law, que conseguia suportar a ansiedade e o ritmo lento e morno das audiências e a outra que, eventualmente até numa a dessas sociedades, podia manter-se apenas a ler e a escrever, distante do que faz correr o sangue mais depressa. De nós as três, venci eu. A elas mantenho-as isoladas uma da outra, numa masmorrinha toda confortável e escura. Não vá o diabo tecê-las.

Escolhi bem à primeira e escolhi bem à segunda. Não sei se à terceira teria tanta sorte.


2 comments:

Scarlata said...

o que importa é escolheste bem.
;D

margarete said...

menina-alice-alicinha-Ali... :)***