Ontem, no cinema, estavam 11 pessoas. Ao nosso lado sentaram-se as únicas 3 que conversavam entre si durante o filme.
Este meu desconforto com o cinema vem aumentado a cada sessão e ontem, aos diálogos sussurrados naquele tom ciciado que nos estimula os cantos mais recônditos da capacidade de odiar e às dispensáveis onomatopeias com que o Sérginho que estava sentado ao meu lado (porquê ao meu lado?!) bandasonorizava a película, acrescia a capacidade que ele tinha de ocupar o meu espaço com os seus membros anteriores e posteriores (vulgo, patorras). Como eu gostava de ser capaz de ultrapassar a timidez, o nojo e a certeza da incapacidade de prosseguir a troca de idiotias que se seguiria e beliscar-lhe o braço. Daqueles beliscões de rodar a pele e os pêlos entre o polegar e o indicador.
O resto é o desencanto da perda da magia do cinema. A menina da bilheteira que bem podia estar a trabalhar na Stradivarius, na FNAC, nas Finanças ou, para nos apercebermos da apatia indiferente, num outlet fantasma nos arredores de Lisboa. Os bilhetes são mais farsolas que os papéis do Multibanco (só não trazem tão más notícias). E, nem no Monumental há lugares marcados, o que vem dizer tudo sobre o que sinto sobre a minha profissão de sonho: hospedeira de cinemas (vulgo em brasileiro: lanterninha).
O filme, esse, compensou tudo. E mesmo que eu não tenha mãozinhas para escrever sobre ele, hei-de deixar este blog cheio de fotografias do Segredo de um Cuzcuz.
Este meu desconforto com o cinema vem aumentado a cada sessão e ontem, aos diálogos sussurrados naquele tom ciciado que nos estimula os cantos mais recônditos da capacidade de odiar e às dispensáveis onomatopeias com que o Sérginho que estava sentado ao meu lado (porquê ao meu lado?!) bandasonorizava a película, acrescia a capacidade que ele tinha de ocupar o meu espaço com os seus membros anteriores e posteriores (vulgo, patorras). Como eu gostava de ser capaz de ultrapassar a timidez, o nojo e a certeza da incapacidade de prosseguir a troca de idiotias que se seguiria e beliscar-lhe o braço. Daqueles beliscões de rodar a pele e os pêlos entre o polegar e o indicador.
O resto é o desencanto da perda da magia do cinema. A menina da bilheteira que bem podia estar a trabalhar na Stradivarius, na FNAC, nas Finanças ou, para nos apercebermos da apatia indiferente, num outlet fantasma nos arredores de Lisboa. Os bilhetes são mais farsolas que os papéis do Multibanco (só não trazem tão más notícias). E, nem no Monumental há lugares marcados, o que vem dizer tudo sobre o que sinto sobre a minha profissão de sonho: hospedeira de cinemas (vulgo em brasileiro: lanterninha).
O filme, esse, compensou tudo. E mesmo que eu não tenha mãozinhas para escrever sobre ele, hei-de deixar este blog cheio de fotografias do Segredo de um Cuzcuz.
8 comments:
Uma bomba, é que era.
adoro filmes, detesto cinemas.
desde o advento dos cinemas-shoppings, que arruinaram com as salas, a minha cidade só tem cinema em shoppings. desisti de ir quando foi a estreia do match point. telemoveis, rebuçados, pipocas, gargalhadas..
sozinho em casa a fumar cigarros é que se está bem.
«Os bilhetes são mais farsolas que os papéis do Multibanco (só não trazem tão más notícias)»
Foi um momento de inspiração súbito, ou é mesmo talento para perdurar, dar e vender?
:D Neste mundo já ninguém dá nada a ninguém, Rui. Quanto mais não seja, garante-se a contrapartida de uns benefícios fiscais.
"sozinho em casa a fumar cigarros é que se está bem"
Apetece cada vez mais ficar sempre em casa, Ivan. Tirando os bons restaurantes e a casa de um ou outro amigo, também raramente me apetece sair.
O King é um paraíso :)
As sessões das 18h... aahhhh
Como te percebo.
Solidariedade sista. Quando me calham essas bestas na sala perco logo a razão e fico completamente irrascivel, apetecendo sacar de um dardo venenoso e fazer pontaria ao pescoço. O senão é que é raro ser só um, e uma pessoa não pode prever quantos dardos leva, e a pontaria no escuro é tramada. A Ak47 estragava o filme com o barulho.
Bom bom, seria ser mefiosa e dar apenas a indicação com o dedo a um dos meus capangas, e ele trataria de por essa gente em silencio.
Mas pronto, estes ódiozinhos hão-de cá ficar.
A AK47 é só para quando uma sista se passa e vê em todos os concidadãos um potencial foco de barulheira no cinema. Os mafiosos com o silenciador são tremendamente sedutores. Vamos começar a pensar em fazer uma vaquinha?
Carlita, o filme já só estava no Monumental... E, na minha day-to-day life, nunca consigo ir ao cinema a essa hora privilegiada... :(
Ter capangas dava um jeitaço. Mas deve ser por isso que nunca poderei ter muito dinheiro. Com as minhas caracteristicas anti-sociais virava uma déspota e desatava por ai a aniquilar certo tipo de pessoas com estes e outros comportamentos... é melhor esquecer a vaquinha..alem disso não vou aos moves há meeses.
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