October 05, 2008

se eu fosse terrorista urbana ou então jornalista de tv

Punha-me emboscada atrás dos ecopontos e ejectava-me (e ao microfone e ao camâra), para a beira dos cidadãos que deixam o lixo (orgânico inclusive, está bom de se ver) do lado de fora dos contentores vazios. Anseio por deleitar-me com as desculpas que gaguejariam, assim colocados perante a televisão e a exposição aos seus pares (que são aos milhares, não nos enganemos). Eu tenho reflectido sobre o que os leva a fazer isso e, por exclusão de partes, cheguei a duas boas (boas de verdadeiras) desculpas que se resumem numa: por um lado, o ecoponto fica-lhes mais perto do prédio que o contentor do lixo orgânico, por outro, já todos sabem que os gajos misturam tudo depois, que isso da separação do lixo só existe no norte da Europa, portanto não vão ser eles, que passam a semana toda a trabalhar, e mal pagos ainda por cima, que vão compactuar com mais esta maneira de enganar o Zé Povo. Em suma, estão-se nas tintas.

Porque ele também dá nacional que lá põe o lixo ao lado, mas separado. As garrafas num saquinho, os cartões do IKEA encostadinhos, as embalagens noutro saco. Punham lá dentro, não é? Quando está cheio, está cheio e eu perco as estribeiras com contentores cheios, ao ponto de deixar escapar uns co'a breca ou até um pôssas e, em modo de protesto, já lá deixei os saquinhos de fora. Mas, normalmente, passo para o ecoponto seguinte.

E se eu detesto ir pôr o lixo.

1 comment:

lia said...

Eis uma grande oportunidade para eu voltar a contar como li, por duas vezes, o José Rodrigues dos Santos a jurar a pés juntos que a história da reciclagem estava toda mal feita e pensada, e que ele nunca percebera nem queria perceber o esquema das cores, coisa complicada, hein!