Ernesto olhou para aquele conjunto de números e ficou sem saber o que fazer, o que dizer. Assomaram-lhe lágrimas aos olhos. Tanto esforço para nada. Para pior que nada. Para nada mais uns pózinhos. Relativizou e, por momentos, envergonhou-se da verdadeira dimensão do vazio triste que o toldava. Logo voltou a sentir-se vítima, deixando escapar a centelha da razão, dolosamente. Preocupava-se em manter o porte de puro-sangue. Pôs-se a brincar e a gracejar, lembrando que ainda há dias mencionara uma fase de pouca tolerância à frustração, tentando enganar a rapariga e justificar-se da fraqueza momentânea, que ela nem deve ter visto, preocupada que estava com a sua própria prestação. E libertou-se mal pôde daquele pedaço de tempo em que se enleara, passando à área onde todos sabiam que falhara, mas onde não se atreveriam a quebrar o pacto. Quando se conquista a postura, poucos arriscam o sopro que a pode fazer esboroar. Tem-se a fama e o proveito. Para o bem e para o mal.
Só ao correr da água deixou tombar três lágrimas, não mais, que as lágrimas deixam sulcos invisíveis que nós acabamos por encontrar nos olhos dos outros.
Só ao correr da água deixou tombar três lágrimas, não mais, que as lágrimas deixam sulcos invisíveis que nós acabamos por encontrar nos olhos dos outros.
3 comments:
fogo!
(e vénia)
oh...
Post a Comment