December 13, 2007

sumaúma

Ernesto olhou para aquele conjunto de números e ficou sem saber o que fazer, o que dizer. Assomaram-lhe lágrimas aos olhos. Tanto esforço para nada. Para pior que nada. Para nada mais uns pózinhos. Relativizou e, por momentos, envergonhou-se da verdadeira dimensão do vazio triste que o toldava. Logo voltou a sentir-se vítima, deixando escapar a centelha da razão, dolosamente. Preocupava-se em manter o porte de puro-sangue. Pôs-se a brincar e a gracejar, lembrando que ainda há dias mencionara uma fase de pouca tolerância à frustração, tentando enganar a rapariga e justificar-se da fraqueza momentânea, que ela nem deve ter visto, preocupada que estava com a sua própria prestação. E libertou-se mal pôde daquele pedaço de tempo em que se enleara, passando à área onde todos sabiam que falhara, mas onde não se atreveriam a quebrar o pacto. Quando se conquista a postura, poucos arriscam o sopro que a pode fazer esboroar. Tem-se a fama e o proveito. Para o bem e para o mal.

Só ao correr da água deixou tombar três lágrimas, não mais, que as lágrimas deixam sulcos invisíveis que nós acabamos por encontrar nos olhos dos outros.